segunda-feira, 3 de setembro de 2012

TITÂNICO - dicionário wikcionário verbete

Quem é feliz,
filistéia,
cava um fosso
entre si e o mundo.
 Mas quem é feliz,
ó filistéia?!:
- A aléia!

Feliz quem opta por  viver em paz
consigo mesmo
a esmo no ermo de si
rumo à ermida
sanduichado entre o sol inclemente
( diferente de Alá,
que é clemente, misericordioso! ) 
e a areia fervilhante
a ferir a sandália
do monge andarilho
em trilho no brilho do sol
- puro estribilho de calor e luz! 
E com luar no ar suspenso
apenso no que penso
ao pensar as mazelas
da noite escura e gelada
no deserto das sombras e miragens.

 Quem é feliz,  
 filistéia, 
 o é apenas em solidão e solitude
de ambientes desérticos 
Impossível ser feliz com todos,
em comunidade,
ainda que em aldeias-fantasmas 
com infra-estrutura para eremitas,
ou com  qualquer outro ser
- quer seja a amada ou o abade!
Não há felicidade em companhia :
Nem na companhia de Navegação do São Francisco,
onde meu progenitor velejou e sopro o ar,
nem tampouco na Companhia de Jesus!

Quem quer ser feliz...
Oh! filistéia!... 
- cerca-se em uma floresta
tendo como entretenimento 
ler em mente, 
na tela mental,
longe do azáfama dos museus de mortos-vivos,
a pinacoteca de Cézanne
pintada a dedo de Deus.
Outrossim, não recebe ninguém,
nem por correspondência
porque quase todos são estúpidos
loucos sem o pão da poesia.
Assim age quem almeja ser feliz
por um triz e num breve momento 
de brisa tocando vela...
Todavia, malgrado a misantropia ,
quem anela por ser feliz,
filistéia, 
é bom anfitrião
para os raros humanos não cabalmente estultos
ainda não maculados pela peste endêmica,
epidêmica,
 que assola o homem :
esse infeliz fauno em zoológico
ou no papel alienado de zoólogo.

Quem é feliz,
filistéia atéia,
não recebe filisteu
nem tampouco filhos seus 
 com os filisteus!,
porquando usufruindo de plena paz 
com corpo e alma serenos
na paz da saúde benfazeja
e ligeira como o gato preto
que é a noite em tonalidade de visão.
Entrementes
 ser humano assim saudável
é visto na ótica do papalvo
como algo desconcertante,
anormal,
indecifrável, 
- uma aberração da natureza!,
pois num mundo humano em abalo sísmico
movido por espasmos epilépticos
síndromes de pânico
e tantos outros transtornos a distorcer  o homem
no monstro do espelho desfocado
levando-o  a ser o legado do mísero enfermo
trapo de corpo e alma rota
com o que restou de espírito
afetado pela  grande demência humana
- que é a estultícia perene
caduciforme 
precoce 
sintomática na pieguiçe pegajosa
porosa e indecorosa
sem a rosa no rosicler da alva
que enceta outro dia glorioso
para os que são felizes
tendo a mão da saúde 
a esculpir-lhe o corpo 
a alma e o espírito 
com mão e mente de Rodin
ou o escultor italiano Antônio Canova
 nas Três Graças
que se dançam
antes da dança
( Ah! a pieguiçe vem sempre a par com a estupidez
sua companheira necessária!
Sem embargo, temos as Três Graças
pares para dança
na leveza do ser de Nietzsche ).

Quem é feliz,
ó filistéia,
não precisa de felicidade
- a qual é um mero vocábulo
que não dá voz a nada
no ser humano disperso
em cantos e lamentações de profeta bíblico
em eterna diáspora.

Quem é feliz,
ó filistéia?! :
 A lampreia?!:
quando servida em cardápio para o homem
- esse glutão, insaciável,
de necessidades infindáveis
no dizer do "logos"de economistas 
os quais são os inventores da ciência do rico  
 e cujo colossal feito heróico,
titânico ( quase o Titanic à deriva... ),
foi o fato de levar ou elevar 
 as necessidades dos nababos ao infinito
( com nabos e...Que quiabos!, diabos )
para acordar com o espírito matemático
de  infinita abstração
para o inexistente numeral
que tão -somente existe
 sob a mente e a mão do homem
a grafar signos e símbolos
compondo as várias linguagens
sob gramáticas e semiologias
( Esses inventores de  ilusão
em seu pensamento mágico
 justificaram a riqueza de alguns homens de sorte,
meros arrivistas sem valor,
com o peso da mais-valia e do capital,
confundindo essa abastança irracional 
 com a riqueza das nações
quando de fato são a pobreza da humanidade
sem perspetiva filosofante,
ao modo da perspectiva desenhada em conceito
pelo  filósofo Marx
que desfez a ciência de rico,
( demônio assaz cruel,
voltada a face apenas para  opulentos),
perscrutando-a,
escrutinando-a,
superando-a com a crítica à alienação...
malgrado o filósofo em tela 
ter aventado o  regime doentio
do comunismo
- mais deletério ao homem
que o mais selvagem capitalismo! )

Quem é feliz,
filistéia,
sabe à colmeia e mel;
vive com corpo e mente sã
desintoxicado
 mercê de exercício para paz perene,
livre dos insanos,
dos  insumos, 
que trescalam odor de guerra e política
ao semear tais demônios capitais
( - todos em "caput!")
por onde vão deixando rastos
levando sua vanidade
nos genes e nos memes
- porquanto esta é sua  cruz romana
( ou filistéia?
- Dalila?!
que truz!...:
na onomatopéia do homem caído sob a cruz )

Quem é feliz,
filistéia,
não recebe o filisteu,
ó filistéia bela!
Contudo, quem sabe um filisteu
filho teu
ache o fio de Ariadne 
que permita fugir do labirinto da intolerância,
da religião, da política, da ciência...
labirinto por onde erra o minotauro 
- juiz, sacerdote e verdugo
de todos os aglomerados humanos 
aonde a intolerância é sempre-viva
no berço vegetal 
animal e mítico de Asterión, 
alçado ao céu,
em consonância com que escreveu Jorge Luis Borges,
com um véu
textual
velando o caminho da literatura
à corjas hostis à poesia e à vida.
 
Quem sabe,
ó filistéia,
a tolerância venha por fim,
enfim, 
- por meio de um filisteu?!
 

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