quinta-feira, 3 de abril de 2014

MENOSCABO, MENOSCABO - etimologia etimo verbete

Se Deus não há,
E não há , de fato, Deus algum,
Nem algures nem nenhures,
Nem em Utopia nem em Sophia,
Então tudo é mentira,
Atos mortos,
Nietzsche mortificado.         
Deus não existe
Ou se escondeu em trevas vetustas
Trapos de  trevas puídas, rotas,
Trevos de hipocrisia
Cuja função ou sortilégio é  possibilitar
toda sorte de convivência.
Um ensaio da hipocrisia,
Daria um bom substitutivo
Do ensaio-sátira de Erasmo de Rotterdam
Sobre a loucura e suas diatribes.
A hipocrisia, não obstante o menoscabo(menoscabo)
Com que é tratada pelos tratadistas,
 é o artefato mais sublime
Da comunidade humana,
Faz mais que a poesia,
Pois permite que qualquer interação,
Mesmo com o ser mais execrável,
Pode se passar em moldes razoáveis,
Não atingindo a camada de ozônio,
Por si só já tão mexida,
Nem, neném,  permitindo outra guerra de Tróia
Com cavalinho de presente
 e Odisseu montado em  seu discurso dúbio
- e hipócrita!
A hipocrisia opera o milagre do amor:
Sob seu jugo, que torna dócil o rei dos bárbaros,
Ela faz crê a ao incauto e ao erudito
Que ele ama o seu inimigo
E , pior, que ama, outrossim, os seus amigos.
Os amigos são, sabidamente,
 os inimigos mais deletérios do homem :
Sabe-o o sábio anacoreta, incréu.
Por fim, a hipocrisia permite
Que a crença estúpida em Deus perdure indefinidamente.
Quanto mais se   crê em Deus,
Mais se entrega ao outro,
 que é o alter ego, o inimigo, o filisteu,
ou ao amigo de tocaia,
que tem sede de sua  vida,
cobiça  os seus tesouros,
 seus carunchos e traças,
 sua mula, sua esposa, sua concubina...
portanto, quanto mais amigos,
filos de táxon,
demonstra ter um homem,
mais frágil se mostra o homem,
pois mais  abalada fica  a fé
que poderia ter  em si mesmo,
porquanto são dissuadidos
de serem auto-confiantes, auto-suficientes
Ao parar para ouvir  o conselho do próximo,
O qual  o leva a cair no abismo
De ponta cabeça.
O que o próximo proporciona
É  dar  vazão e  razão
Para perpetuar a guerra,
Pois do contrário
Ele, o bom amigo,
Próximo que está,
Aprestar-lhe-á uma emboscada
Tal qual o fizeram a  Jesus
Graças à suas graças
E sua ingenuidade homérica,  fatal.
Por isso, o próximo é o mais difícil
De ser amado;
Aliás, não se deve amar ao próximo,
Pois este é o filho, a esposa, o amigo,
Enfim, todos aqueles
que se acham no direito de trair sua confiança
e o fazem sempre,  sob testemunha anil,
porquanto podem prescindir das trevas
que cobrem o ladrão.
Jesus era natural do campo,
Lírio puro no escarlate desenhado.
Ali seus  geoglifos  profetizavam,
Podiam ser lidos nos lírios amarelos também,
Que carregavam o palor da morte sob o luar.
Jesus acreditava piamente em Deus,
Que lhe fez ouvidos moucos.
Não, não há sob céu
Ou sobre terras
Deus nenhum,
Mas um pacto hipócrita
Para crer num ser
Que é o homem invisível.
Entrementes, os lírios em lírica
Espaçam tal paz
Na aragem tépida
E fazem um discurso em geoglifos
Tão belo! em ontologia na areia,
 onto-teologia  sutil nos silicatos,
 em petroglifos que assombraria  Duns Escoto,
o qual não  era êmulo do sol em clareza
com suas finuras teológico-filosóficas.
Duns  era dum mundo medieval,
Dum outro mundo, pois.
Se há tal universo não nomeado,
Inverso no anverso,
 fora da língua do homem,
sem onomástica básica,
Não o conheço, nem creio que haja.
Haja vista, sendo o anacoreta incréu
Sou descrente de tudo
E livre até mesmo da descrença,
A qual me parece, quando fanática, obsessiva,
- Uma crendice discreta,
Uma bela hipocrisia com máscara-de-ferro
capa de Drácula,
grilhões nas mãos e pés
Para capacho aquietar o facho,
Sentar no  rabo
E ouvir o diabo
Ao dente no quiabo
Em chulo no diacho.
No calão me calo.
Voltando de digressão a Deus,
Sua  inexistência posta em juízo,
Em assertiva definida definitivamente,
Rasgaria toda tensão
Que cabia, de cabo a rabo, nas palavras?
Implodiria as frases não-bíblicas?
Eclodiria nas orações com corações ao alto?,
Turbaria a mente humana
Que foi toda construída
Com sua presença
No ser fictício
Que a rapsódia decantou?
De mais a mais, se Deus não existe,
E não existe de fato,
Mas somente de Direito,
Então há verdade em  Nietzsche,
Homem que se queria “ Para Além do Bem e do Mal”
Em sua presunção monstruosa.
-Então, toda a verdade está lá
Instalada, instaurada, estalada
Em seus livros crus,
A dissecar aquele que se apresenta : “Ecce Homo”
Com pompa de truão
E não se ausenta
Naquele viandante que tem a sombra por companhia
- de Jesus e de Anchieta!...
A verdade deveria estar
Em super estrela, em estela, “Stela”, “Stela Maris”
Nas obras de Nietzsche,
Que não são “Opus Dei”,
Porém  não está lá,
Plantada em árvore do paraíso
Cujos frutos  é o conhecimento.
Seus livros não contém  a verdade,
Mas prosa e verso de verdade
Com rasgos de imaginação
Que cabe ao trovador
Em exercício de um gai saber,
Que prova a ciência
Na Gaia Ciência,
Com outra língua
e outra crença,
que se quer substitutiva da fé em Deus,
a qual, sem embargo,  era melhor
Para a canalha e para mim,
Para ti e para ele
-  para ele! que vivia em petição de miséria
Envolto num corpo doentio,
Alma senil,  vitimado pela pobreza econômica e social,
Miséria política...um pobre coitado,
- um réprobo, enfim,
Que não se conformaria com a verdade,
E, por isso, arrolaria suas mentiras adornadas
E enroladas em bons ditirambos,
O que  fez até o apagão
Anterior à morte,
Cujo piscar de luzes
Já se prenuncia em sua obra derradeira
Que, ironicamente, apresenta o homem: “Ecce homo”,
Como se o homem fosse ele, Nietzsche,
Um meio-homem em meia-vida de remédio
Pronto para dormir meia-vida
Ou a vida inteira
com morte em vida
e mote de morte em obras
de triste figura, Dom Quixote de La Mancha,
sem mancha alguma,
que não seja do Canal da Mancha.
Bom  Manchego,  sem Manchúria.
Esse  filósofo, Nietzsche,
 não foi sábio,
Mas genial como Belial,
Digno de um inquisidor
Que o fizesse sentir toda a dor da tortura
Com a qual sonhou
Vida fora ( ou morte afora)
Em sua meia-vida de fármaco,
Sua agonia lenta e longa,
Porquanto, bem ou mal,
Nietzsche  mal logrou ser  um homem:
Foi antes um  remédio,
Um ser com remendos de remédios
Para seus males, sua dispepsia,
E os males de outros desafortunados
No caminho inverso
Da felicidade de Aristóteles,
Sábio, sadio, homem de boa cepa,
Magnífico senhor,
Que não pode ser magnânimo
Porque seus bens
Não o autorizavam,
Nem era perdulário, pródigo,
Ainda que em louvores.
Homem íntegro, o estagirita.
Coube a Nietzsche, entretanto,
Dar-se conta da inexistência de Deus.
Agora, hoje,   cabe ao monge
Dar-se conta da inexistência de Deus.
Não ao monge representativo,
Monge por procuração,
O ator atroz, juiz e  algoz de si mesmo,
O qual se prendeu em  cela de abadia,
Em  um claustro
E todo dia vive ignorante
 de onde sopra o austro
Com seu oboé ,
sua trombeta, seu trompete...
com outros sopros
Que inspiram e depois expiram,
No movimento musical do instrumento
Que com foles
Move-se em dança
De  sístole e diástole
Soprando o anjo soprano em mensagem,
Pois o anjo é a mensagem,
Parodiando Marshall MacLuhan,
Que assevera que “O meio é a mensagem”,
Dito que compõe o anjo.
( Não existe um anjo,
Mas o anjo sim
- é ser de dentro do cérebro,
Surfista na mente
Sã ou louca de pedra
Como uma mulher).
Não conhecemos nada,
O conhecimento é apenas um rito social.
Do que sabemos com a língua nos dentes
É bem pouco mais
( e muitas vezes menos!)
Que o animais silvestre os domésticos.
Nosso saber se estraga mais ainda
Porque se vincula ao conhecimento
E este é rito momentâneo
Na gangorra da moda dos conceitos
Que sábios e artistas desenvolvem incessantemente.
No que tange à tecnologia mental
Expressa em equações algébricas intrincadas e belas
Como um longo poema de Camões : Os Lusíadas
Ou a Comédia de Dante Alighieri
Essa tem o Status de mito
E nunca perde o vinco :
É  eterno enquanto durar a eternidade
Para o homem vivo.
Ao que respeita ao homem livre,
Que sempre é um pobre incréu
Porque  conhece apenas a solidão
(Uma solidão de dar pena - em pena de pavão!)
Que o cerca e prende,
Condenado que é
Também à solitude  com voz de ave canora,
qual quero-quero procurando desesperadamente o bando,
- o quero-quero que quero
que ora, ore  por mim
junto ao vegetal na campina do galo,
vegetal que ora ora “ora-pro-nóbis”,
Filhos de Deus,
De um Deus que não existe,
Não é ser algum,
mera geometria de homem,
na partitura para um canto de um rapsodo,
- uma rapsódia desesperada, enfim.
Ermitão que sou
não acredito nos homens,
Nem em mim, Que sou homem
E, consequentemente, traio-me na freqüência medrosa,
Pois foram eles e eu
Que mentiram para mim
Em conjunto não-matemático,  nanomusical,
Sobre a realidade de Deus,
Ou melhor : a irrealidade ( surrealismo está na Bíblia,
Não em Chagall, Salvador  Dali, Miró
E mestres que tais.
De mais a mais, eles não só me enganaram,
Mas  também esconderam a verdade de si mesmos
Por medo da morte
E do abandono  a que estamos sujeitos,
Desamparados  e desprezados por todos
No caminho que leva à senectude.
Quanto à flor-de-lis
Sei que não mente,
Pois é filósofa cínica
Que  não pensa na vida,
Apenas age porque  não tem mente
Que lhe suscite símbolos e signos ,
Os quais se não são os pensamentos,
São-lhe mais de dois terços do pensar.
A planta vive a vida, que é sua deusa:
O vegetal é um empório de vida
Armazenada  para o animal
Em forma de nutrientes.
Todavia, sei que o vegetal
É contra mim,
Não confia em nenhum animal,
Por isso guarda veneno nas folhas.
Ora! Como  posso ter confiança nesse ser
Que dá a vida
mas pode tirá-la num átimo
Se nos esquecemos
E bebermos ou comermos demais,
A ponto de tudo cair
Na conta do veneno
E pelo veneno pagar com a vida
Como sói acontecer?
No vegetal  está plantada a vida e a morte,
O remédio que nutre ou cura
Ou o veneno que destrói o corpo e mata-o.
Assim como a cobra arrasta a peçonha,
Com a qual caça, faz presas cálidas.
A víbora que carrega o símbolo
Visto apenas pela mente humana
Que também se nutre
De símbolos e signos,
Leva em sue corpo
Toda a farmacopéia
( a serpente é o “Phamacon”)
E  toda a dieta
( na dieta estão presentes
Todos os produtos químicos do “Phamacon”.
Quem se alimenta
Toma remédio
Ou inocula venenos,
Os quais vêm da vegetação,
Tão  palatável quanto a cobra peçonhenta,
Alimento apreciado na China,
Onde  sendo muitos  os chineses
E, concomitantemente,  pode grassar uma fome
Que passe a fio de espada
Bilhões de entes humanos,
Porquanto sei
Que o cavalo amarelo do apocalipse
E seu cavaleiro ( amarelo?)
Existe de fato nos pesadelos
E nas pragas naturais,
 Das quais nunca estamos livres.
Na China há o rio Amarelo,
Que não me deixa olvidar o corcel da fome.
Sou um monge sem Deus,
Um prisioneiro de mim,
Um condenado por mim
Ao degredo longe do século
E duas sentenças de morte
Pesam sobre minh’alma;
Entretanto,  para mim, o monge
- É  um monstro de alienação,
Que Hegel e Marx sintetizaram,
Goya os apóia em suas gravuras
Em estado de loucura sã,
Daquela a que se refere
São Paulo Apóstolo dos Gentios.
O monge que sou, seio-o,
É apenas um castigo sado-masoquista
A que imponho
Ou a que me impôs a pressão do grupo
Para tomar o lugar de Deus
Que, por não existir,
Cria a necessidade político-social-ritual
 de alguns homens
Que paguem caro por isso
Com o sacrifício da própria existência,
Morrendo em vida
Tal e qual o condenado pela Justiça dos homens,
A pobre cega, inválida.
Esta também a justiça de Deus, o inexistente,
Pois é o homem quem a levanta
Por não haver deus algum
Que o possa fazer,
Mesmo porque, se existisse,
Deus não teria vida.
Teria o quê?!...:
A teia da teologia que teima em teia,
Mas é tão-somente teia
- sem aranha!
O deus laico
É o Direito, os santos direitos humanos,
Que não passam de mendacidade
E, portanto, de um ardil do demônio;
Por outro lado,
O deus das igrejas
Passa por ser
O Deus de Abraão, Isaac e Jacó;
No entanto, em realidade,
Não é senão o santo ofício da inquisição em ação,
Ou seja, o casal  Súcubo e Íncubo,
Alma de inquisidor.
Contudo, a inquisição
Não está escrita
Na história,
Mas vige hoje,
Neste instante,
Pois o demônio é perseverante
E sempre operante,
Santificado com o nome de Deus.
O que me dá esperança vã
É que Deus  nunca foi apresentado ,
Senão em nome
Pelos homens com poder institucional;
Entrementes, chamam em nome de Deus,
Sempre em vão,
Porém o que se apresenta é o diabo
Que,  em si, é o mal Sem o bem
Para compensar.
Deus jamais se apresentou
Sob a égide das instituições.
Mas os lírios
Espargem boatos na brisa
E os marimbondos seguem
Algo ou alguém
 com quem dialogam
 em silêncio quase audível...
Quem será  este ser que cochicha?
- Sei que não é o diabo,
Pois esse vive em meio aos homens,
Não afagam os marimbondos...,
Porque eles sabem
Onde Deus está escrito em geoglifos.

( Escritos Líricos em geoglifos  à flor dos lírios com geometria algébrica imbricada em arabesco  de autoria do anacoreta incréu).
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