domingo, 27 de janeiro de 2013

TESA(TESA!) - dicionario wikdicionario


O pensamento com perspectiva filosofante
não  passa de um ceticismo teórico,
mas a vida
não se reduz à razão,
pois esse reducionismo empobrece
a relação humana
que é mais rica
que o Quietismo.

A filosofia enquanto crítica acerba
do conhecimento teórico
não permite que o pensamento
chegue ao ponto de fé
ou ao ponto de orvalho
face de areia
lavada pelos olhos
do outro que chora.

A fé,  que é a vida,
que é a esperança,
que salva,
que é o amor,
que é a caridade,
na acepção latina de "caritas" :
amor divino,
a fé e a razão
têm que ser equalizada
na equação
que cabe na física e na matemática
em linguagens poéticas para-glaciares,
sem a libido,
mas não no homem
e na mulher,
onde cabe o amor,
que na paixão vem destroçar
- o coração irrequieto.

A filosofia moderna
livre até no conhecimento,
e do próprio conhecimento liberta,
insurreta, sempre amotinada,
iconoclasta,
indiferente à limitação que representa a ciência,
mera encenação para gente limitada
que não tem cérebro para ato filosófico,
sabe que  o conhecimento científico,
ou da razão ("Scientia rationis")
se restringe ao teorético,
e, portanto, não contamina a prática
do homem comum
nem a práxis do sábio,
pois o fazer
casa-se com o saber
que é pura fé,
vida, amor, caridade...,
porquanto a sabedoria
é inata, ingênita,
viva na inteligência viva da criança
e morta nos adultos amortecidos,
embotados, estapafúrdios, basbaques...

Quando eu era um filósofo epicúreo

olhava com tamanho desdém,
abrangia com um olhar irônico,
sobranceiro e eivado de indiferença
todos os seres humanos.
Hoje fico a cismar
se não foi pelo meu antigo desprezo
pela torpe humanidade
que me apaixonei de verdade
e,à primeira vista me encantei,
desmensuradamente
ao deparar com a medusa
subindo as escadas
que eu então descia
e o desdém aliado à sua beleza
evocou-me o meu ar escarninho de antanho
como o escárnio(escárnio!)
apegado à minha inteligência livre e natural,
tirada ao gênio da natureza,
- ao gênio nas crianças!

Será que quando vi a medusa
o que amei foi o epicureu em mim,
observando-o nela refletido
como se fora um Narciso
em forma feminina?!

Ah! o amor!
A paixão, pacto com fogo,
esta lava
que lava a face,
a face de areia
em banho na clepsidra,
com a água da clepsidra,
que apaga a areia
e cava a face
como se fosse uma fauce(fauce!)
ou  uma cova
antes da cova a final.
Vinca-a, ao andar sobre a areia,
o tempo, este filósofo epicurista,
aqui escriba.

As faces dela e minha
na areia da ampulheta
contadas em tempo
são fauces
e foices da morte
que sega.

Quando a vi
subindo a escada
toda tesa(tesa!)
em sua beleza exuberante
fiquei embevecido, extasiado!
Só depois do choque tremendo
é que me ocorreu
que eu era assim
um deus epicúreo
com todo o direito
de desprezar o mundo
dos homens vis
e das mulheres venais
que valem os seus míseros reais,
mas não valem uma flor-de-lis,
nem um miosótis pequenino :
- gente abortada,
sem beleza e destituída de inteligência,
sem dignidade nem honra,
decrépitos, insolentes, levianos,
ineptos para o amor,
inermes vermes...

Vi-a e só então recordei-me,
caí em mim de maduro,
- que eu sou assim
igual a ela,
não similar nem semelhante,
mas igual a ela na equação,
seja no odor que exala da carne
e dos cabelos negros
ou no que mais possa ser
a quatro olhos negros na noite.

Somos um ser ( em dois!) assim
- sem perfumes, nem disfarces, nem ciúmes...
simples, porém não simplórios,
capazes de desprezar o mundo inteiro,
mas a nos amar
até a eternidade passar
e escrever o saltério e os cantares
dessa paixão de vulcão em erupção
nos céus, em rolos de pergaminho,
e na terra, onde nasce o papiro,
epicúrea medusa!

( Excerto dos "Apócrifos da Medusa" e do livro "Os  Cantos Sobranceiros do Jardim de um Deus Epicúreo")

Ficheiro:AUGUST RODIN O pensador (vista frontal).jpg
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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

ANFIBOLOGIA(ANFIBOLOGIA!) - dicionario wikcionario lexico


O poeta é o filósofo
no plano vegetal,
no sistema nervoso autônomo:
o arquiteto do "pathos"
e do pacto com Deus;
o filósofo é o poeta
no plano social :
o engenheiro do caos.

Tem licença poética
e pode escrever em versos
sem compromisso algum
com as verdades alheias,
alhures na ciência
ou na filosofia,
que também só tem compromisso
com a liberdade.

Por isso pode escrever assim,
conforme abaixo,
depois dos dois pontos,
sua  ação em dissertação de filósofo vegetal,
pois o poeta é o filósofo natural,
mas e mais para a natureza do fenomenológico,
fenomenologista ou fenomenólogo que é :
No transcurso do sono,
reza o poeta,
o livre-pensador,
o filósofo em sistema de erva daninha,
durante o sono
o que pode levar à morte
é a bradicardia,
porquanto o sono relaxa o corpo
e o coração então tende a parar
e só não para, na maioria das vezes
graças às leis complexas da inércia,
o que é um paradoxo,
pois leis trazem sempre anfibologia(anfibologia!).
Inobstante, uma bradicardia severa
pode levar à morte
por apnéia ou dispnéia
o indefeso adormecido.

Todavia, não é a dispnéia ou apnéia
que mata,
porém sim a bradicardia,
uma vez que a dispnéia
é apenas um problema do sono
quando o coração diminui
ou, quem sabe, aumenta o ritmo cardíaco
no transcurso do repouso
porque o sistema é cardio-respiratório-vascular
e, portanto, não seria inteligente inferir
que os transtornos do sono
recaiam apenas na apnéia noturna.

Na realidade, talvez,
a morte súbita venha
( que não me venha!
nem a ti, Medusa,
que és toda a minha vida!:
sem ti não saberei viver mais,
pois só haveria ontem
e não outro dia,
outra manhã...)
da parte parada, em aparte,
do coração que está no peito
batendo no ritmo do carnaval
que vitimou uma personagem de Jorge Amado.
( Adeus Vadinho!, de Dona Flor,
de Jorge Amado!
Adeus, Vadinho tão amado
pela bela flor que tinha!).
(Quão feliz seria
se me amasse a Medusa!,
que não é minha...
- mas minha musa é,com fé! ).

Ao ocorrer a bradicardia severa,
no escuro do sono,
o cérebro entra em pânico
e age pelo pesadelo,
que é uma reação desesperada
para acordar a bela adormecida.
Caso o sistema nervoso autônomo
não tenha sucesso
advém a  parada cardíaca
e, concomitantemente, respiratória
e, consequentemente, a morte.
Há vários tipos de pesadelos.
Uma vez tive um pesadelo
no qual uma víbora negra,
grande e pesada
estava sobre o meu peito enrodilhada;
ao acordar espavorido
a cobra ainda pesava na anatomia,
mas não me entrou na retina
e sumiu no ar
sem peso algum,
sem massa corporal.
D"outra feita era o demônio
que me sufocava
e no pesadelo
estava eu cônscio
que se não me movesse minimamente
morreria ali deitado, inerte, inerme.
Mexi um dedo,
movi um mundo
e o corpo voltou à superfície
ansioso para respirar
e sentir a inspiração da vida,
o sopro doce e musical do oboé
tocada pelo anjo do Senhor,
no dia do Senhor.
O diabo não me afogou
- no fogo do inferno?!
Não pode comigo, amigo.
( Os sistemas nervosos
sabem da iminência da morte
e lançam pesadelos
nos quais estão presentes
entes queridos falecidos
a fim de que o "paciente" do cérebro
(cadê o Pink?!)
acorde para a vida
ao invés de se deixar afundar
num  poço de águas profundas
aonde irá se afogar
- saiba nadar ou não,
seja peixe ou feixe de lenha na corredeira do rio
que quer mar
como quero minha medusa.
Ah! quanto querer!!!).

Não, senhores que se julgam doutores
e não o são
( doutos são os filósofos,
que além de eruditos
põe no mundo sua tese original
e não mera cópia reprográfica
de doutrinas alheias
esparsas alhures
pelos alfarrábios
com vasta população de traças e carunchos,
ácaros e acaricidas...
Não dá mais alergia
o ácaro que o acaricida?!);
não, senhoras com doutorados,
mas não são doutas,
antes são doudas borboletas ligeiras;
entretanto, possuem o título mercantil,
no Brasil dos asnos de ouro,
mas sem Apuleyos (Apuleio!);
não, não, não-doutos médicos,
não é a apnéia
ou a dispnéia
que mata o dorminhoco oco :
é a bradicardia severa!
ou, quiçá, quem sabe,
um complexo de problemas
sem emblemas, enfisemas
ou outras lexemas.
( Viva a ema
e a seriema
e a serra e o planalto da Borborema!)

Nunca, jamais vi um notório "roncador",
senhor doutor,
( na Serra do Roncador ou alhures!)
que tenha morrido no curso do sono.
Não, aqueles que roncam
voltam a pescar a aurora viva
no peixe vivo tomado à mão do canoeiro
- na barcarola do rio São Francisco,
que é um monge franciscano descalço,
não uma carmelita descalça,
não uma das "Teresas"
de Santa Teresa de Ávila,
doutora da Igreja
de fato e de direito.
( Foi Santa Terezinha do Menino Jesus
uma de suas "Teresas"?!
- Esta outra douta,
santa cujo símbolo
é a rosa que viaja no ar...
com minha Medusa?!).

O sistema nervoso vegetal
ou autônomo, ou o poeta interior,
- no interior da aldeia
conglomerada na junção da imaginação,
- aldeia que é o ser humano individual
convivendo "coletivamente"
com seus fantasmas
em aldeias-fantasmas
e com o populacho bronco,
os vilões das "vilas" ricas,
com reino por dentro do sono
e império a constituir-se por fora
no sonho de olhos abertos,
- o sistema vegetativo
que mantem o ser vivo,
peleja ininterruptamente
contra a morte
em seus surtos intermitentes,
qual fosse um paladino
com o gládio do pesadelo em riste
passando à espada as hostes da morte.

O  cérebro bifronte,
com sistema involuntário
e sistema voluntário,
frente ao desafio
que lhe lança a morte
à galope no corcel amarelo
desafia o frontispício do templo do deus Jano,
o bifronte, no tempo,
enquanto o diabo
fica sentado em meio ao redemoinho
pondo a girar seu corpo em areia e vento
no pião do menino
e, destarte diabólica,
maquiavélica,
do demônio em circunvolução de poeira,
faz de si em giro
um  outro Adão
em "alter ego".
Esta a alteridade do diabo com o homem
e na mulher com as serpentes nos cabelos
- da Medusa!

Quem não tem licença poética...
que não me perdoe!
- mas que saiba! :
que sou homem indômito,
selvagem, ermitão,
santo, monge, casto...
e não há mito
que me subjugue
no rito,
- nem rito
que me faça dançar,
( faca nos dentes!)
cantar, tocar cítara,
escrever ou representar um drama
sacro ou profano, ufano...
- que me faça dançar um mistério popular!

(Mas ela pode tudo comigo,
a minha Medusa...
que me domina
com um simples olhar
ou modo de mexer a cabeça,
os olhos, o gingado simples e honesto
- e a boca bela entreabrir-se
num sussurro de comando
que acato embevecido...).

( Excerto da obra "O Opúsculo do Organista Inimaginável da Capela Gótica de Sainte-Chapelle").
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