terça-feira, 21 de agosto de 2012

RUBICUNDO - dicionário wikcionário verbete glossário léxico lexicografia etimologia etimo

Foi alienado a mim um bem imóvel do poeta
de versos e versificação ao vermelho da amora
com queda angelical no rosicler
da manhã que manca
ainda com sono pesando no olhos zarolhos
( Não, de dentro dele
de suas entranhas estranhas
não saiu a caminhar
um poeta Verlaine!
- rumo ao absinto
servido em um Café
mas do rubicundo imoral amoral da amora
moral na mora da moratória da Morávia
onde à orla do rio Morava
os Morávios falam em diversos dialetos  )

O esteta pintava quadros ingênuos

numa candura estética
que se refletia nos versos
de poemas sobre Nossa Senhora
Latinista emérito
poliglota
conhecedor de filosofia
professor de matemática
- um erudito como sói serem os poetas
que enfrentam o jângal
qual fera selvática
( O poeta é um deus silvestre
que sopra avena
- é a selva impenetrável
intrincada no obscuro úmido
intransponível
- presa ao cipoal
a cauda preênsil do primata
Outrossim é o predador
que salta no tigre de tocaia
e que ao mesmo tempo
a fim de tolerar a hipocrisia humana
amealha um vasto conhecimento universal
que os alheia e aproxima dos homens
por tolerância de anacoreta bizarro )

Homem morigerado

empertigado
cheio de manias
esgares trejeitos rictos
solteiro convicto
solene no trajar
no contato social
econômico nos vocábulos
contido
afetado
com um quê de efeminado
nos modos de megera irascível
Enfim, um ermitão de brio
em meio ao burburinho estúpido
da arraia-miúda a se proliferar
do rebotalho a chafurdar na lama
prolíferos e supérfluos
mas necessários à base da pirâmide
que sustem os nababos privilegiados
( Ele não era nenhum poeta Verlaine
a entrar e sair livre
do bar e da poesia
embriagado
na evasão do tédio
que sopra a alma
para outro flautim
de serafim chinfrin
de brim bebericando gim  )

Ele vivia na casa

a plantar e sachar
por em gaiola  aves  canoras
e conviver com uma seriema
entre árvores e arbustos
sonhando com bustos

Havia uma pérgola

onde uma parreira
dormitava em uvas
Havia um pé  de carambola
outro de pinha
uma palmeira com cocos
e uma caneleira  que envolvia a todos
com um de olhar verde

Acabei com a vinha

decepei a caneleira a golpe de machado
mas ela voltou a florescer
e então a deixei em paz pura
ao redor de suas folhas
cuja infusão proporcionava um bom chá
de delicioso aroma e sabor

Depois alienei o imóvel

e veio outro ignorante
destruir o restante do vegetal
que habitava no fundo do poeta
o restolho da ceifa
no sono da palha

Quando acabará o lastro vegetativo

que mantém o ser humano vivo
abraçado aos vaga-lumes
que já não erram pelos caminhos do céu noturno
corrigindo trevas
e aos miosótis que pintam o azul
nos olhos que descem ao rés-do-chão?!
( Quando deixará de vir-a-ser
um poeta Verlaine?! )

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

ESCÓLIOS - dicionário wikcionário verbete glossário léxico lexicografia etimologia etimo enciclopédia delta



No retrato há um morto e um vivo simultâneos

que paradoxalmente não é o mesmo ente
nem tampouco o mesmo ser
mas também o é
pois o ser vivo é um ente vital
gerido por alma sensível
e espírito pensante
- uma indústria silente
dentro de outra indústria do silêncio
em relicários ou baús sem fim
a transmutar energia em matéria
e vice-versa no que versa a versatilidade da vida
-  a vida que é um plasma plástico
maleável e inteligente ao extremo
é a vida!
Outrossim um febricitante vir-a-ser no homem viril
- a vida!
 alheada pelo labor do intelecto
alienada na morte do pensamento
em instituição de alvernaria
pedra em cantaria
e lei pétrea
imperdenida
tirada à mente doentia do tirano
o homem louco que ousa comandar 
e consubstanciar um estado 
no fato e no direito
para cada ser humano
- os quais quase já destituídos de humanismo
e iluminismo 
se alienam na escuridão da escravidão
para garantir uma sobrevivência mitigada
( No auto-retrato de Vincent Van Gogh
há um ex-vivo
que foi um ser no casulo do tempo
dentro do qual se pintou
e um ente prisioneiro da morte
ao mesmo tempo
e no mesmo espaço do retrato )

O retrato contudo 
não é exatamente um ser
pois no retrato falta tempo
para integrar o ser 
que vive e vige no tempo
  porquanto o ser sem tempo
não participa da existência
nem da essência do homem
e logo não é um ser 
e sim um não-ser
um nada ser
sem  chance de vir-a-ser 
devir
devenir
que venha a exprimir a  morte
no corpo morto
roto o porto

Por outro lado do paralelogramo
o morto é ente no cadáver
despojado de existência e essência
revogada a mente
jogado à correnteza da decomposição célere
conquanto retráctil seja o retrato
em trato de sapato para pato palmípede
que faz gato-sapato com os pés com chulé
na pele de Pelé e Garrincha
- no beiral do telhado da garriça ou cambaxirra

( Quero a luz das abelhas
- à luz das abelhas
quero
- quero ver
olhar a flor da laranjeira
- adorada odorata! )

No retrato se retrata dois seres
um vivo e outro morto
ao mesmo tempo
e no mesmo ser e não-ser
porque o retrato retrátil retrata simultaneamente :
o ser e o não-ser
encravado no número um 
e no não-numeral zero 
dos matemáticos árticos, ursos
( O zero é um numeral simbólico
tanto quanto o um
e os demais algarismos rabiscados )
 
O ser vivo existe fora do retrato 
ao sol no atol e no paiol 
aquecendo réptil
do lado claro no reino animal
Todavia do lado escuro do retrato
em claro-escuro visível
a construir olho e visão
o ente morto está posto
por um ato e um fato
dos dois seres vivos à época :
o retratista e o retratado
os quais nadam na torrente do vir-a-ser
e na fotografia
Peixes na luz
feixes cromáticos
em preto e branco de sapato
claro e escuro de Caravaggio
- tudo preto no branco
xadrez trançado nas vestimentas
tingidas pelas cores berrantes do arco-íris :
O  vivo com vestes talares alvas
de essênios posando
nas albas a lamber as faldas das montanhas
e o morto trajado com mortalha
e máscara mortuária
porquanto o retrato é retrátil
versátil no soprar do oboé
e do oboísta
- anjo que sopra por detrás das ventas do arcanjo
o vento que toca
os moinhos de vento
e as areias do tempo na ampulheta
- bailarinas de Degas em pinacoteca

Ambos nos olham :
o vivo e o morto
Entrementes não nos vêem
porque não têm olhos para mover os cílios
piscar para as estrelas internas aos olhos
- no céu noturno dos olhos negros
revirados para dentro do ser orgânico
visceral 
com a lua na luta de luva 
pastando o máximo do amarelo 
regado pelo arroio da madrugada orvalhada
 
O morto olha-não-olha
porque parado ali
para sempre emparedado no retrato
e na propriedade retráctil do retrato
- cristalizado em rochas sedimentares de luz!
as quais na fotografia
viradas ao avesso da pedra-pome ( púmice)
em rocha magmática
ao erigir uma ilha : o retrato
- O retrato é ilha 
a separar com sépalas e pétulas
um Robinson Crusoe do tempo
retirando-lhe o ser
com a debandada do tempo
 
O ser vivo olha sem visão retratada
refratada
porque está atuando ainda no tempo fora do retrato
que o imobiliza e prende em cadeias de luz 
preenhe
 pelas teias de aranha branca
  tecida em lua branca ao zênite :
lua em teia de aranha branca 
em  tecitura de luz solar
- com a poção do tempo em cronômetro de bruxo
demudado em lucíferas alvenarias
a discorrer sobre o rio do vir-a-ser
aonde passou o filósofo Heráclito de Éfeso
um grego atravessando um outro Rubicão
para ir à Roma
e ter com os romanos
- gregários no Direito
 
  Aliás, o Direito é a  filosofia torta de Roma
evidentemente não para filósofos cínicos
grandes escarnecedores 
fugitivos dos meandros da política
e da guerra
- que é o objeto e ato magno da política
quer seja política profana ou  sagrada
movida por atos de druidas ou de reis e imperadores...
- Sátrapas enfim!
 
Os filósofos cínicos
aos quais os oponentes denominam de cães
eram de fato e em atos
homens livres
cultores do "pathos" da liberdade extremada
ainda que sob o gravame da maior escravidão externa
exercida pelo estado românico
colocando a opressão
sobre as espáduas do homem grego
que em particular o filósofo cínico
sentia e reagia 
contrapondo ao servilismo vigorosamente
com a filosofia de desprezo
pelo universo político-militar dos romanos
- os quais representam para o cínico
os autênticos cães
que sempre voltam ao vômito
- após a regurgitação
com que alimenta os filhotes
( enquanto o romano opulento
nutria a bulimia 
lendária na Roma antiga! )
 
Inobstante, esta filosofia tortuosa e falsa
hipócrita mesmo
que denominam galhardamente 
de Direito 
a servir aos interessesmesquinhos
dos antigos donos do mundo
( - vetustos romanos na empresa das legiões! )
 - tal "filosofia" em petição de miséria
que tardiamente ganhou foros de ciência jurídica
era mero jogo semiológico
para "aventar" cidadãos romanos
perfeitos escravos da lei
e do tirano em voga
soprados em bolhas de sabão
 
Trata-se, o Direito romano,
de uma filosofia mínima
mitigada ou em migalhas
uma pseudo-filosofia de cunho oficial
em forma de práxis ritual
tateando a ética
(- a qual se radica na razão)
mas sobrevivendo de fato da moral
a qual provem do irracional
a "ratificar" paradoxalmente
o costume grosseiro e brutal
do homem lançado à sarjeta
decaído na vala comum da existência
anjo desgraçado
maldito
amaldiçoado
escarnecido
escravizado
indigno
ignóbil
- cidadão paradigmático dos impérios romanos! 
governados por loucos césares

  O cinismo é um filosofia menor
originária na Hélade dominada
cujo escopo é atender
albergar 
e dar dignidade interna
à sobrevivência do forte
do homem nobre
escarninho
do filósofo virtuoso
livre ( o cínico cultuava a virtude da fortaleza
que talvez seja a única virtude de fato
sendo as demais 
meras expressões e virtuosidade desta )
cujo último bastião
era sua mente invicta
como um sol divino
em tempos de escravidão
imposta por Roma
ao homem exterior 
e ao interior dos escravos inatos 
aptos somente à obediência e fidelidade canina
( - Infiéis!
homens inféis a si
traidores do seu ego
do seu ser vago
e paralisados por uma estupídez
que grassa como a peste negra
ou a gripe espanhola
ou a inquisição espanhola de Torquemada )

O indivíduo temerário
que ousava desafiar
o poder político dos porcos 
da Granja de George Owen
- estes! estão sempre no poder
correlatos aos levantes
e ao ato do suíno
sempiterno e vitalício no comando
do zoológico humano
- com seus zoólogos 
que não se pensam bichos 
ainda ignoram Darwin
sobrevivendo ignomiosamente 
em máximo opróbrio 
sob controle doutrinário
imposto de Roma e por Roma
( este o mais lancinante imposto de Roma!
- das Romas que imperam até hoje
sob sutis políticas religiosas
que são mais compreendidas pela natureza da mulher
que enredas a mulher 
que vive à flor do sentimento
pois são poetisas natas
No que tange ao pobre e desamparado homem 
que somos todos!
- este entende melhor a política profana
e enquanto a mulher se esmera no conhecimento
 e prática da política sacra  
o homem enquanto filósofo cínico 
desdenha das mentiras 
que constroem a Torre de babel do poder político
- E tudo no mundo humano e animal
é poder político! 
- monopólio  de alguns homens
eleitos pelo povo
para realizar a república democrática 
a qual existe apenas em discursos e fraseologia
que  Direito corrobora 
em seus escólios e corolários 
à maneira de Spinoza 
mas evidentemente sem a lisura 
e liberdade que conduzia o pensamento 
do filósofo da Ética )
 
O cinismo filosófico 
vem na mesma esteira do estoicismo
ambas evasão e debandada
do indivíduo ferido de morte pela filosofia 
o mártir da liberdade 
que não aceita nada menos que a liberdade
ao menos interior
quando o mundo está tomado por déspotas 
( e o mundo quase sempre está assim !
tomado pela peste bubônica do despotismo
- esses bubões pestilentos! ) 

O cristianismo é um cinismo popular
- uma vulgarização da filosofia dos cínicos gregos
uma ciência barata
que toma fundada na teologia sem objeto
e no Direito cujo objeto inexiste
porém com preclaro objetivo
de dominar os homens
instituindo a escravidão branda 
proporcionada pela ponderação do Direito
e da sua irmão santa : a religião
O direito é a forma religiosa da ciência jurídica
isenta da religião fundada na teologia 
que abraça todo o contexto historial de Roma antiga
e das Romas em sobreviventes instituições mumificadas

O cinismo é outrossim um retrato de um tempo
  no qual é demonstrado historiologicamente
que o Direito é uma mescla eclética ou uma  síntese
abaixo do tom das  filosofias menores :
que é  o cinismo e o estoicismo 
dentre outras 
 
Só  que a filosofia não impera
antes opera no anelo pela liberdade do ser humano
em oposição ao Direito
que sendo uma filosofia oficial
não passa de fato de um conjunto de regras
marcadas por interesses escusos
dos  donos do estado ou da república
que tomam o estado e o direito para si
( outra forma de estado é o direito) 
em detrimento dos demais
sob escravidão branda

O Direito é uma norma de conduta totalitária
absoluta como os monarcas absolutistas
uma alienação do pensamento humano
cujo fito é coagir e oprimir o homem
- porquanto vem a ser um poder
que faz curvar o homem
então genuflexo ante o soberano
seja ele estado lei ou rei ou império
 
O direito e a religião
são políticas de dois estados dentro do estado
e vêm a suscitar o terceiro estado
no qual Hitler pode ressuscitar
Portanto, ao Direito não é dado sequer
ser uma das  filosofias mínimas
da magna Grécia
porque vem a tolher os atos humanos :
encarcerar
enforcar
esquartejar
decapitar o ser humano
é seu objetivo
 
A ciência prática do  direito
 é uma forma perversa e pervertida  de anti-filosofia
cujo escopo é subtrair sorrateiramente
a liberdade do homem
e levá-lo em massa para o Jardim  Zoológico
- que são todos os asilos institucionais
  colônias penais para todos
exceptuados os senhores alçados ao poder

(  Ah! ar ! : Quero ar!
Quero a luz das abelhas
- à luz das abelhas
quero ver
o que quero e muito quero
no Quero-quero
que voa a estridular o seu grito
- estribilho rascante! )

O ser vivo está no tempo
a pisotear o lagar
gravado no corpo
na anatomia e fisiologia
no aglomerado de poeira a colar o organismo
com colágeno
vinculando matéria e energia de mártir

( Quero a luz das abelhas
- à luz das abelhas
quero
- quero ver!
  e ser longânimo
 tal qual um patriarca bíblico )

No morto resta o pó do tempo
enterrando-o
cobrindo-o 
retratando-o
na curva da tangente de Newton
   
No mosto o morto está em fotografia
coberto pela poeria do tempo
Seus olhos não  olham
ou olham e não vêem
estão imóveis e alijados do tempo
- sem tempo que os mova
à face das águas
reflexivas

( Quero a luz das abelhas
- à luz das abelhas
quero
- quero retratar
o Quero-quero na solitude do voo
em bando a "fretinir"
similar às cigarras a fretinir )

No retrato há duas faces do mesmo deus Jano :
um vivo e um morto
O vivo foge da prisão de luz do retrato
e aspira ao tempo-de-respirar
inspira e expira fabricando o tempo e a vida
dentro de um período
Já o morto jaz no retrato
qual um epitáfio
com uma cruz a encimar a cova rasa
plantada ao rés-do-chão
paralela à raiz vegetal
- não quadrada ou quádrupla ou quadrática
na Ática da matemática

A morte é o objeto da tragédia
- objeto abstrato ( abstruso ) :
o morto é o objeto concreto
empírico
A vida evoca a tragédia
na tradição grega
em coro de sátiros
- que são entes naturais
e máscaras mortuárias
ou personais  ( de personas )
que representam com o ator
( morto individual )
a morte social
na substituição do rosto
pela máscara da "persona" teatral :
o drama entre o ser humano e a pessoa
do indivíduo e do ente coletivo

O retrato é tragédia do ser
e do não-ser
que são a mesma coisa
e a mesma pessoa
à luz da abelha
( A luz da abelha
que quero
tanto quero
no Quero-quero
que atravessa o ar
entre o anjo azul
e o arcanjo verde
- caído, decaído há décadas no pasto
(Lustros entre gramíneas
e outros rastejantes ao rés-do-chão ) )

O retrato é uma tragédia
em um ato
e um fato
em natureza rochosa
mineral
O Direito e a filosofia 
são retratos no mofo
desta tragédia em tantos atos
quanto sejam os fatos 
representados no drama